Passando ao largo do Planeta 8989 a bordo da nave Enterprise, Spock comunica ao capitão Kirk que o Planeta 8989 é feito de nada, e que todos os seus habitantes são artistas (Episódio Star Trek escrito William Shatner)
Voids Happens, anything else too
– Henri Bergson, Cahiers
Não é num futuro hipotético, é agora. Pela mesma casualidade descrita por Spock e para capturar as ligações entre o discursivo e o não discursivo, uma nave oriunda do planeta 8989 viaja até ao Planeta Terra, não à procura do nada vernacular que lhes é particular enquanto artistas mas sim na procura de um outro dispositivo, que por ser igualmente totalizante, lhes é estranho e familiar ao mesmo tempo: esse perseguir dos “vazios” que existem em potência no mundo físico e fenomenológico, distinto da matéria do nada do Planeta 8989, implica a descoberta da necessidade da afectação de um determinado posicionamento enquanto observadores, não só topologicamente mas também ideologicamente, funcionando estas como formas privilegiadas na definição e articulação entre o saber e o poder. Nada é melhor que nada e esse é o mapa do vazio que aqui se representa, um mapa de representações aprisionadas pelas percepções.