• Local não identificado, s.d.

    Local não identificado, s.d.

  • Local não identificado, s.d.

    Local não identificado, s.d.

  • Londres, 1971

    Londres, 1971

  • Kassel, 1977

    Kassel, 1977

  • Zagreb, 1973

    Zagreb, 1973

  • Darmstadt, 1972

    Darmstadt, 1972

  • Belgrado, 1973

    Belgrado, 1973

  • Kassel, 1972

    Kassel, 1972

  • Local não identificado, s.d.

    Local não identificado, s.d.

  • Darmstadt, 1972

    Darmstadt, 1972

  • Humlebæk, 1975

    Humlebæk, 1975

  • Kassel, 1972

    Kassel, 1972

  • Local não identificado, s.d.

    Local não identificado, s.d.

  • Kassel, 1972

    Kassel, 1972

  • Paris, 1977

    Paris, 1977

  • Kassel, 1972

    Kassel, 1972

  • Kassel, 1972

    Kassel, 1972

  • Kassel, 1977

    Kassel, 1977

  • Kassel, 1977

    Kassel, 1977

  • Local não identificado, s.d.

    Local não identificado, s.d.

  • Darmstadt, 1972

    Darmstadt, 1972

  • Kassel, 1972

    Kassel, 1972

  • Belgrado, 1973

    Belgrado, 1973

  • Humlebæk, 1975

    Humlebæk, 1975

  • Paris, 1969

    Paris, 1969

  • Humlebæk, 1975

    Humlebæk, 1975

  • Londres, 1971

    Londres, 1971

  • Kassel, 1972

    Kassel, 1972

  • Kassel, 1972

    Kassel, 1972

  • Kassel, 1972

    Kassel, 1972

  • Kassel, 1972

    Kassel, 1972

  • Kassel, 1977

    Kassel, 1977

  • Kassel, 1977

    Kassel, 1977

  • Local não identificado, s.d.

    Local não identificado, s.d.

  • Paris, 1969

    Paris, 1969

  • Kassel, 1972

    Kassel, 1972

  • Kassel, 1977

    Kassel, 1977

  • Kassel, 1977

    Kassel, 1977

  • Darmstadt, 1972

    Darmstadt, 1972

  • Kassel, 1977

    Kassel, 1977

  • Colónia, década de 70

    Colónia, década de 70

  • Darmstadt, 1972

    Darmstadt, 1972

Ernesto de Sousa como Robert FilliouErnesto de Sousa, como Robert Filliou, guarda debaixo do chapéu o acervo da sua galeria.
Janas, Sintra, década de 1970. © O espólio de Ernesto de Sousa

O Perfil do Visitante
Um arquivo digital para Ernesto de Sousa

Em Outubro de 1972, no atelier de Eduardo Nery, Ernesto de Sousa projectou 300 diapositivos da sua visita à 5ª edição da “Documenta” de Kassel. Vistas do interior e do exterior do museu Fredericianum; dos visitantes e do ambiente; das performances; das manifestações de contestação local e à exposição, nas suas imediações. “O objecto anti-arte”, “o artista que se expõe a si próprio”, “o ficheiro biblioteca de certos artistas conceptuais”, “o misterioso ambiente ou o pavilhão onde se faz propaganda esteticamente agressiva de uma ideia”, “o museu de museus” e os “museus miniaturas”. Nesta apresentação, os autores das peças terão sido mantidos anónimos, à excepção do artista-obra, Joseph Beuys.

Esta apresentação foi uma das quatro sessões de divulgação da “Documenta 5”, a par dos textos publicados sobre o mesmo tema, no República e na Lorenti’s, e uma das dezenas (ou centenas, se contarmos com a publicação de artigos) de acções pedagógicas de Ernesto de Sousa sobre arte.

As suas entusiasmadas críticas a este evento dão conta da liberdade sentida enquanto visitante, o acesso a uma quantidade enorme de informação, que nem por isso estragava a surpresa do encontro com o objecto estético (mais ou menos matérico), as opções e a imparcialidade do percurso de exposição, a diversidade e a pertinência das escolhas curatoriais. Segundo ele, o visitante, não assistia: participava do acto estético. À arte era devolvida a função pedagógica de se imiscuir na vida e recuperar “o jogo, o convívio, o riso aberto”, “o brutal irrespeito” e a devoção ao sagrado espírito da “grande FESTA”.

(Já alguns dos artistas convidados para a “Documenta” tiveram uma percepção bem diferente destes termos de liberdade e participação. Dez conhecidos minimalistas e conceptualistas assinaram e publicaram um pequeno anúncio na Artforum, em Maio de 1972, que reclamava para os artistas o direito de controlar as condições de exposição do seu trabalho. Porém, dos dez, apenas quatro retiraram efectivamente os trabalhos da exposição.)

O deslumbramento de Ernesto de Sousa era justificado. A visita à “Documenta 5” permitiu-lhe o contacto directo com aquilo a que chamou “um verdadeiro clima de modernidade” e a exposição servia-lhe na perfeição para traduzir as ideias de vanguarda, que vinha a ensaiar e divulgar em Portugal desde a década anterior. Pelo fim do objecto-de-arte-de-consumo, por um movimento permanente de ruptura, pela indistinção entre arte e vida, pela indiferença do gosto, pela participação, pela recuperação da festa, pela reinvenção do mundo segundo uma “estética da indiferença” e uma “técnica da solidariedade”. A arte seria o veículo necessário às ideias de vanguarda, numa concertada operação de revolução social.

Nos apontamentos para a apresentação da mesma exposição no Ar.Co, Ernesto lista as imagens das peças a projectar, por nome de autor, com uma descrição formal sucinta. Apesar da apresentação ser especificamente dedicada à “Documenta 5”, desta lista constam peças, da então colecção Ströher, vistas no Landesmuseum em Darmstadt no mesmo período de viagem. Ainda que se tivesse deslocado com um objectivo definido, a digestão dos episódios paralelos do percurso fez parte da procura de sentido da experiência. A ideia de viagem dificilmente se esgota no estar em trânsito; ela é também coisa mental, é a possibilidade de surpresa com o passado e a disponibilidade para um presente em transição. O estado do viajante (não ler turista) é “estar em viagem” permanente.

Numa das aulas do curso “Conhecimento da Arte Actual” na galeria Quadrum, em 1977, Ernesto propõe:
“Exercício de observação, com x min. de atenção, com ampliação.
Quantos objectos há nesta pedra, neste pau, descoberta de um objecto com olhos tapados.”
O mesmo exercício por Robert Filliou, “O segredo da criação permanente é: ‘Em quer que seja que tu pensas, pensa noutra coisa. O que quer que seja que tu faças, faz outra coisa’”.
O mesmo exercício por um discípulo do budismo zen: Nada está fora da Mente. E o olho enche-se de montanhas verdes.
O mesmo exercício por David Wojnarowicz: A última fronteira para o gesto radical é a imaginação.

O arquivo documental de Ernesto de Sousa inclui cerca de 7000 diapositivos, produzidos entre finais da década de 50 e a década de 80, que entre correspondência, notas, textos, impressões fotográficas e negativos, são apenas uma ínfima parte da totalidade do seu espólio. Nem todos da sua autoria – uma pequena parte provém de ofertas de outros artistas –, são muitos os registos de exposições, performances e eventos, do convívio com amigos, das viagens feitas em trabalho ou em lazer. Os restantes registos são, sumariamente, recolhas iconográficas, tanto para estudo próprio como para apresentações temáticas, e incluem centenas de reproduções de obras de arte e registos de arquitectura e escultura. Muito deste material foi recolhido de propósito para ilustrar os programas de aulas e cursos da sua responsabilidade. É o caso de uma dezena de fotografias de objectos encontrados que lembram o traço icónico de alguns artistas estrangeiros. O bom-humor e descontracção deste tipo de registos fazem com que normalmente sejam descartados como material de arquivo menor. Mas e se os considerarmos na leitura de material consensualmente importante, como a “Documenta”? Estas imagens fazem perguntas sobre a legitimidade da autoria e a exclusividade do gesto considerado artístico, e alastram a dúvida a fotografias mais ambíguas onde não é claro o que se queria registar, nem a natureza do que é registado. E redireccionam
a atenção do De quem é? O significa? (e É arte?) para Como é?, da exterioridade para a interioridade de cada imagem e para as possíveis imagens dentro delas.

Desde Janeiro deste ano que se está a trabalhar na constituição de um arquivo digital do espólio documental e artístico de Ernesto de Sousa. Actualmente, o espólio está distribuído por várias instituições públicas, em depósito, e uma parte significativa permanece ainda na residência particular da herdeira de Ernesto de Sousa, Isabel Alves. O depósito é uma espécie de estado de existência intermédia:
o espólio é inventariado, disponibilizado para consulta (com reservas) e mantido em condições de conservação óptimas.
Quando é depositado, o espólio não pertence à instituição, o que justifica que não
se alargue o investimento à catalogação, isto é, a cotagem e descrição documento
a documento, a fase mais demorada do processo porque implica investigação.
Do espólio por depositar não há ainda um inventário. Os originais têm sido regularmente disponibilizados para consulta directa, reprodução e empréstimo
a artistas, investigadores e curadores, o que dificulta as tarefas de preservação
e organização dos documentos. No entanto, foi esta informalidade que permitiu
a divulgação e dinamização do espólio durante os 26 anos que passaram desde
a morte de Ernesto de Sousa.
O plano futuro parece ser a doação, desta parte do espólio, como das restantes,
a instituições públicas. Depois disso, serão precisos anos para que a totalidade do espólio fique novamente disponível ao público, até que se façam os inventários em falta e eventualmente, se houver capacidade humana e financeira, a catalogação dos documentos – acresça-se a dificuldade de cruzar informação entre instituições.
A digitalização é uma tendência que os arquivos e bibliotecas portugueses tentam acompanhar, mas é ainda um esforço pesado e na lista das prioridades secundárias. Mas nada disto é inevitável.
O primeiro passo é o desenvolvimento de uma base de dados digital que agregue os documentos e permita compilar e rever informação de forma sistemática. Isto está feito. O segundo passo é planear estratégias de colaboração a longo prazo entre instituições e envolver as universidades – efectivamente esta será uma importante ferramenta de investigação e só a proximidade à comunidade académica e artística garante que o espólio é um organismo vivo, isto é, que as leituras sobre a vida e a actividade de Ernesto continuam a produzir-se, muitas, novas e diferentes.
Claro que nos espera um longo spiel burocrático-legal até lá chegarmos. Mas isso não é difícil – se houver vontade. Ernesto de Sousa termina o artigo na revista Lorenti's sobre a 5ª “Documenta” em tom agridoce: “... mas estas técnicas só funcionam quando há abertura de sentimentos e de cultura, verdadeira inocência.
E isso sim: é difícil.”

Ana Baliza
Lisboa, Setembro de 2014

Centro de Estudos Multidisciplinares Ernesto de Sousa (CEMES)
www.ernestodesousa.com

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Colophon
Diapositivos por Ernesto de Sousa. Aspectos de exposições visitadas no Reino Unido, França, Alemanha, Dinamarca e Jugoslávia, entre as décadas de 60 e 70 e iconografia alusiva ao trabalho de alguns artistas.

Selecção por Ana Baliza, Agosto-Setembro de 2014.
© O espólio de Ernesto de Sousa, CEMES, dos artistas e da autora

Índice de cotas nesta selecção

104-REFEstruturas minimais (alusivo a)

149-REFJoseph Beuys (alusivo a)

150-DOCTate, Londres, 1971Robert Morris

167-DOCDocumenta 6, Kassel, 1977Hans-Peter Reuter

168-DOCStaatstheater, Darmstadt, 1972Arnaldo Pomodoro

173-DOCDan Flavin (alusivo a)

199-DOCDocumenta 6, Kassel, 1977Robert Morris

234-DOCMuseu de Arte Contemporânea, Belgrado, 1973Iginio Balderi

236-DOCParis, 1969Carlos Cruz-Diez

240-DOC10ª Bienal de Paris, 1977Marina Abramovic

255-DOCNovas Tendências 5, Zagreb, 1973Daniel Buren

257-DOCMuseu de Arte Moderna da Louisiana, Humlebæk, 1975Hans ArpSol Lewitt

350-DOCReiner Ruthenbeck (alusivo a)

358-DOCDocumenta 5, Kassel, 1972Haus-Rucker-Co

361-DOCDocumenta 5, Kassel, 1972Mario Merz

363-DOCDocumenta 6, Kassel, 1977Harald FrehenHaus-Rucker-CoReiner RuthenbeckRichard Serra

365-DOCChristo (alusivo a)Robert Morris (alusivo a)

nl-DOCLandesmuseum, Darmstadt, 1972Joseph BeuysReiner RuthenbeckDocumenta 5, Kassel, 1972Joseph BeuysNancy GravesEdward KienholzDavid Medalla / John DuggerBruce NaumanPaul ThekDani KaravanGeorge TrakasGilberto ZorioTate, Londres, 1971Robert MorrisMuseu de Arte Moderna da Louisiana, Humlebæk, 1975Duane Hanson

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